Encerrar também é um ato mágico

Dezembro chega todo ano com a mesma ladainha:

“ano novo, vida nova”,
“faça sua lista de desejos”,
“mentalize prosperidade”.

Só que tem um detalhe que quase ninguém encara: não existe começo limpo sem encerramento honesto.
E dezembro, simbolicamente, não é portal mágico. É balanço.

Se você não olha para o que foi mal resolvido, o que te drenou, o que você empurrou com a barriga… janeiro só vira continuação do mesmo roteiro.

Então vamos falar de rituais, mas rituais que fazem sentido.
Nada de açúcar espiritual pra engolir o ano ruim.


Antes de qualquer ritual: a limpeza que ninguém gosta de fazer

Limpeza não começa com erva. Começa com consciência.

Perguntas que você precisa encarar antes de qualquer prática:

  • Onde eu insisti por orgulho?

  • Onde eu fiquei por medo?

  • Onde eu fingi que não vi?

  • O que eu repeti o ano inteiro esperando resultado diferente?

Sem responder isso, qualquer ritual vira só encenação.

Limpeza energética básica (sem teatro)

Nada mirabolante. O simples funciona quando é feito com intenção clara:

  • Banho: água morna + sal grosso do pescoço pra baixo
    → não é pra “atrair”, é pra descarregar.

  • Defumação (se puder): alecrim, louro ou sálvia
    → foco em ambiente, não em “aura instagramável”.

  • Descarte consciente: doe, jogue fora, encerre.
    Coisa parada segura energia parada.

Limpar é tirar excesso. Não é “ativar poder”.


Tiragem de encerramento de ano (sem romantizar)

Essa tiragem é pra quem quer fechar o ano com lucidez, não com esperança vazia.

Tiragem: “O que esse ano realmente me ensinou”

Carta 1 – O que eu precisei aprender, mas resisti
Aqui costuma doer. E tem que doer um pouco mesmo.

Carta 2 – O padrão que se repetiu
Não é sobre culpa. É sobre responsabilidade.

Carta 3 – O que já está encerrado, mesmo que eu não aceite
Essa carta é libertadora quando você para de brigar com ela.

Carta 4 – O que não pode me acompanhar para o próximo ciclo
Essa aqui separa bagagem de apego.

Carta 5 – A energia que se abre se eu realmente fechar esse ano
Não é promessa. É consequência.

👉 Essa tiragem não serve pra prever janeiro.
Ela serve pra não repetir dezembro.


Ritual de fechamento (realista e possível)

Nada de listas infinitas, velas coloridas ou promessas que você sabe que não vai cumprir.

Você vai precisar de:

  • Papel e caneta

  • Uma vela branca (ou nenhuma, se não tiver)

  • Silêncio real (sem música espiritual automática)

Passo a passo:

  1. Escreva três coisas que você encerra conscientemente
    Relações, hábitos, expectativas, versões suas.

  2. Escreva uma coisa que você decide sustentar no próximo ano
    Uma só. Sustentável. Real.

  3. Leia em voz alta. Não mentalize, assuma.

  4. Rasgue o papel do que se encerra.
    Guarde o papel do que fica.

Ritual não é sobre pedir.
É sobre decidir.


Ano novo não é recomeço. É continuidade com mais consciência.

Se você entrar no próximo ano:

  • sem olhar pra trás,

  • sem reconhecer seus limites,

  • sem assumir seus padrões,

o tarot vai continuar mostrando as mesmas cartas. Não porque o destino é cruel, mas porque você não mudou a pergunta.

Que esse final de ano não seja sobre “vibração alta”, mas sobre verdade baixa, firme e honesta. É isso que limpa. É isso que abre caminho.

Fechar o ano não é apagar o que doeu, nem fingir que tudo teve um “propósito lindo”.
É reconhecer o que foi possível, o que não foi, e principalmente o que você sustentou mesmo sabendo que te fazia mal.

Rituais de fim de ano não servem pra enganar o tempo. Servem pra alinhar intenção com ação.

Se você encerra o ano com honestidade, o próximo ciclo não precisa ser perfeito, só precisa ser menos repetitivo. Que o seu ano novo não comece com promessas, mas com consciência.



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